sábado, 12 de julho de 2008

"Arrebatamento e Apocalipse."



Então me veio um meliante de semblante misterioso (olhos estufados, arcos supra-ciliares avantajados, hipertricose auricular, boca arqueada...) e me falou roucamente: "Sou um dos 5. Precisamos sair daqui".

Tudo se esclareceu quando ele me deu um panfleto. Ora, se existia um panfleto, havia seriedade. Nele constava:


* Frente:

"Discos voadores : Arrebatamento e Apocalipse"."

* Verso:

Como vai a terra hoje? Venho novamente dizer o que acontecerá. Sou um dos cinco, e quando nos encontrar-mos, vamos embora. Vamos pra estrela dalva, lá é o nosso lar. Vamos levar as crianças, elas correm risco nesse planeta. Em breve um asteróide atingirá a terra. O choque é inevitável. Ela virará uma bola de fogo. Ninguém escapará! Precisamos salvar alguns merecedores.

PS: Aproveito para indicar uma receita milagrosa. A graviola caseira (bichada, brocada, que mostra que é uma fruta sadia) que previne e cura mais de 150 doenças, principalmente o cancer.

Votos de saúde sempre e muitas felicidades.
Um abraço do G.


1. Um dos 5 o que?
2. "...elas corres risco nesse planeta."? Ok. Correm mesmo.
3. Disco voador? apocalipse? graviola? que magnifica conexão.
4. "...Ninguém escapará." X " Votos de saúde sempre e muitas felicidade". nao tem algo errado ai!?


Na minha opinião : Ele é o lunático!
Na opinião dele : Eu sou a ignorante!






* Baseado em fatos reais.
* Montagem fantástica. Reparem nos detalhes. Eu mesma que fiz.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

menção ao nada.



Onde fica o "nada"?

"Relato crônico-afetivo dos meus 15 anos"



Todo mundo já teve uma paixão que marcou a juventude, daquelas que te fazem andar na rua e ter uma enigmática sensação de que tudo está como realmente deveria: a leve brisa batendo sorrateira no rosto, o caminhar das nuvens se sobrepondo uma na outra, as árvores balançando ao som de alguma música interior (desconfio que seja algo do tipo “Comptine d´un autre été” de Yann Tiersen) que combina perfeitamente tanto com o soar dos pardais, quanto com o fungado dos ônibus e o rangido das maquinarias nas construções. Entramos em compasso com o universo e tudo parece parar num arrepio duradouro, batendo em nós tão sutil como o frêmito de todos os átomos do corpo e tão exorbitante como mil fusões nucleares galácticas. Um deleito orgásmico de sensações, que te faz sentir tão fraco e ao mesmo tempo, tão forte. Sensação espasmódica de êxtase total...