
O homem que sai do sertão, não sabe em qual compasso o mundo vai. Leva suas trouxas, sua incerteza, sua candura. Segue embutido na saudade, no lamento. Em sua retina ainda vê-se refletidos cactos e algarobas. Seus poros exalam nostalgia. Suas visceras te exoram pra ficar. Mas ele segue destemido, ainda de jibão e chapéu de côuro, na "incerta certeza" da vida de lá.
Quando chega, perdidamente impressionado olha ao redor: Arranha-céus e outdoors luminosos. Suficiente pra o deixar extasiado por algum tempo. Olha pro céu, é cinza unicor, é perigoso respirar. Olha as pessoas, parecem restos cansados de vidas vazias, desabrigados de alma. Correm, fumam, zangam, bufam, rosnam. Olham o relógio, as outras pessoas não olham não, que se danem!
Então aquele homem robusto cheirando a mato seco e pele queimada, senta no batente e chora, um choro baixinho de fungado discreto e descontrolado. Olha pra rua de concreto e lembra da algaroba, do xique-xique, do manguzá. Olha pro céu e reza a toda e qualquer divindade, pedindo para que um dia, volte pra lá. E que quando morrer, seja enterrado lá. E que sirva de alimento pro solo pobre de lá.
Carol