segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Menina-Paraíba




Menina-Paraiba chega logo arrastando as chinelas, se joga na rede, fica olhando as nuvens passarem sobre o céu enquanto chupa um rolete de cana. A menina-paraiba é assim, cheia de dengo, molenga. Uma moleca “réia” , que toda vez que vê, dá logo uma vontade de dar um cheiro no cangote dela. Jogar na cama, fazer um agrado, um cafuné... tomar um café quente e dá um beijo bem gostoso de café... (...)

domingo, 5 de outubro de 2008

O Brasil é tão bom quanto o seu voto...



O melhor programa de humor da TV brasileira, sem dúvida, é o horário eleitoral. Este ano: Lady Kate, Pezão, Gostosinho, Biliu do Sertão, Adriano dos Segurança, Fernanda Benvenutty, João Motoboy, Joza da Pamonha, Você me conhece, Zé da Padaria e outros, fizeram a alegria do telespectador pessoense. Mas, ficaria bem mais a calhar, se todos eles começassem seus discursos com: "Caros idiotas de João Pessoa..."

Hoje a fila do supermercado tava farta. Nos carrinhos de compras... muito alcool. Privar o povo brasileiro de se embebedar em pleno domingo eleitoral? Malvadeza. Talvez o voto consciente que eles tanto prezam, fruste um pouco os sóbrios eleitores. Depois, quando a merda-consciente estiver feita, o sóbrio-eleitor há de carregar um grande fardo.

Se eu fosse descrever essa situação apenas com uma palavra, eu diria, é ENGRAÇADO. Num contexto amplo, o "engraçado" pode transitar entre tudo que há de mais patético no mundo, até um humor criativo e inteligente. Deixando agora os meus devidos parenteses, afirmo que tudo isso se enquadra magnificamente na linha categórica do humor patético.

Até umas dezenas de membros do clérigo estão em peregrinação pro mundo político. Talvez o emprego da fé no Brasil esteja sem campo de atuação. O que mostra a descrença do povo brasileiro.

Uma lástima!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Cheiro de Passado




O cheiro nos vem metediço no ar. As vezes passa batido, em outras entra desordenando tudo. Te traz lembranças; Te faz voltar no tempo. Cheiro de passado, mas não de mofo, ele parece estar tão vivo quanto antigamente. Então a lembrança retrocede nostálgica e as sensações transgridem em total sinestesia. É tudo tão familiar, que esse passado esvaído, se faz íntimo.
As lembranças fazem parte da gente. Ficam todas vagando por ai. Ou até mesmo, guardadas numa "caixinha de lembranças", perdida em algum dos esconderijos do nosso pensamento. Até que um dia elas resolvem voltar desvairadas e te levam em odisséias a um pedaço do teu passado, como um Flash Back.
Mas tudo tá tão diferente. Os sonhos já não são os mesmos. É outra pele, outro suor. A cabeça mudou, as folham caíram, o mar avançou, a face envelheceu... Só o cheiro que parece perpetuado no tempo. E quando menos se espera, ele reaparece e nos faz surpresa, trazendo consigo as chaves da nossa "caixinha de lembranças".

Carol

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Êxodo



O homem que sai do sertão, não sabe em qual compasso o mundo vai. Leva suas trouxas, sua incerteza, sua candura. Segue embutido na saudade, no lamento. Em sua retina ainda vê-se refletidos cactos e algarobas. Seus poros exalam nostalgia. Suas visceras te exoram pra ficar. Mas ele segue destemido, ainda de jibão e chapéu de côuro, na "incerta certeza" da vida de lá.
Quando chega, perdidamente impressionado olha ao redor: Arranha-céus e outdoors luminosos. Suficiente pra o deixar extasiado por algum tempo. Olha pro céu, é cinza unicor, é perigoso respirar. Olha as pessoas, parecem restos cansados de vidas vazias, desabrigados de alma. Correm, fumam, zangam, bufam, rosnam. Olham o relógio, as outras pessoas não olham não, que se danem!
Então aquele homem robusto cheirando a mato seco e pele queimada, senta no batente e chora, um choro baixinho de fungado discreto e descontrolado. Olha pra rua de concreto e lembra da algaroba, do xique-xique, do manguzá. Olha pro céu e reza a toda e qualquer divindade, pedindo para que um dia, volte pra lá. E que quando morrer, seja enterrado lá. E que sirva de alimento pro solo pobre de lá.


Carol

sábado, 12 de julho de 2008

"Arrebatamento e Apocalipse."



Então me veio um meliante de semblante misterioso (olhos estufados, arcos supra-ciliares avantajados, hipertricose auricular, boca arqueada...) e me falou roucamente: "Sou um dos 5. Precisamos sair daqui".

Tudo se esclareceu quando ele me deu um panfleto. Ora, se existia um panfleto, havia seriedade. Nele constava:


* Frente:

"Discos voadores : Arrebatamento e Apocalipse"."

* Verso:

Como vai a terra hoje? Venho novamente dizer o que acontecerá. Sou um dos cinco, e quando nos encontrar-mos, vamos embora. Vamos pra estrela dalva, lá é o nosso lar. Vamos levar as crianças, elas correm risco nesse planeta. Em breve um asteróide atingirá a terra. O choque é inevitável. Ela virará uma bola de fogo. Ninguém escapará! Precisamos salvar alguns merecedores.

PS: Aproveito para indicar uma receita milagrosa. A graviola caseira (bichada, brocada, que mostra que é uma fruta sadia) que previne e cura mais de 150 doenças, principalmente o cancer.

Votos de saúde sempre e muitas felicidades.
Um abraço do G.


1. Um dos 5 o que?
2. "...elas corres risco nesse planeta."? Ok. Correm mesmo.
3. Disco voador? apocalipse? graviola? que magnifica conexão.
4. "...Ninguém escapará." X " Votos de saúde sempre e muitas felicidade". nao tem algo errado ai!?


Na minha opinião : Ele é o lunático!
Na opinião dele : Eu sou a ignorante!






* Baseado em fatos reais.
* Montagem fantástica. Reparem nos detalhes. Eu mesma que fiz.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

menção ao nada.



Onde fica o "nada"?

"Relato crônico-afetivo dos meus 15 anos"



Todo mundo já teve uma paixão que marcou a juventude, daquelas que te fazem andar na rua e ter uma enigmática sensação de que tudo está como realmente deveria: a leve brisa batendo sorrateira no rosto, o caminhar das nuvens se sobrepondo uma na outra, as árvores balançando ao som de alguma música interior (desconfio que seja algo do tipo “Comptine d´un autre été” de Yann Tiersen) que combina perfeitamente tanto com o soar dos pardais, quanto com o fungado dos ônibus e o rangido das maquinarias nas construções. Entramos em compasso com o universo e tudo parece parar num arrepio duradouro, batendo em nós tão sutil como o frêmito de todos os átomos do corpo e tão exorbitante como mil fusões nucleares galácticas. Um deleito orgásmico de sensações, que te faz sentir tão fraco e ao mesmo tempo, tão forte. Sensação espasmódica de êxtase total...