
O homem que sai do sertão, não sabe em qual compasso o mundo vai. Leva suas trouxas, sua incerteza, sua candura. Segue embutido na saudade, no lamento. Em sua retina ainda vê-se refletidos cactos e algarobas. Seus poros exalam nostalgia. Suas visceras te exoram pra ficar. Mas ele segue destemido, ainda de jibão e chapéu de côuro, na "incerta certeza" da vida de lá.
Quando chega, perdidamente impressionado olha ao redor: Arranha-céus e outdoors luminosos. Suficiente pra o deixar extasiado por algum tempo. Olha pro céu, é cinza unicor, é perigoso respirar. Olha as pessoas, parecem restos cansados de vidas vazias, desabrigados de alma. Correm, fumam, zangam, bufam, rosnam. Olham o relógio, as outras pessoas não olham não, que se danem!
Então aquele homem robusto cheirando a mato seco e pele queimada, senta no batente e chora, um choro baixinho de fungado discreto e descontrolado. Olha pra rua de concreto e lembra da algaroba, do xique-xique, do manguzá. Olha pro céu e reza a toda e qualquer divindade, pedindo para que um dia, volte pra lá. E que quando morrer, seja enterrado lá. E que sirva de alimento pro solo pobre de lá.
Carol
2 comentários:
Muito legal este teu texto. Me lembrou isso que eu escrevi quando assistia a uma palestra do Ariano Suassuna. =)
Esperança
Carros de boi cantam
o suor que umedece a
terra rachada, marcada
no rosto do sertão.
VERDE brotando dos olhos
daqueles que o tempo
maltrata num sorriso
vazio sua imensidão.
Voam sem destino aves
confundidas com o brilho
do Sol, escurecendo
o desejo de um irmão.
Recitem a vida sofrida,
mas digam sem preconceito
que os sonhos de um povo
se confundem com aquele clarão.
Luz que serve de fantasia
e faz da esperança da chuva
a gota para o alimento
que brota do chão.
Sangrando, derramem lágrimas,
e dê cor ao piso
que se confunde com a vida
deste pobre ancião.
George Ardilles
Cara! Descobri isso sem querer!
Adorei tudo que vc escreveu!
Continua! beijão e saudades
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